Pedagogia

A Pedagogia Espírita
(Dora Incontri)

- A pedagogia espírita pode e deve ser praticada com pessoas (sejam crianças, adolescentes, jovens, adultos) de qualquer credo ou visão de mundo. A pedagogia espírita é uma visão da educação, é uma proposta diferenciada de praticá-la. Não significa, necessariamente, ensinar o conteúdo espírita. Esse conteúdo só deve ser ensinado àqueles que assim o desejarem. Refiro-me à escola, que é um lugar que deve acolher pessoas de qualquer origem ou religião.

- A pedagogia espírita está entranhada nas obras de Kardec e tem sua origem nos antecessores do Espiritismo, que são os grandes pedagogos que antecederam o Mestre de Lyon. Na Antiguidade, Sócrates e Platão, depois Comenius no Século XVII e Rousseau e Pestalozzi, todos eles deram contribuições importantes que desembocam numa proposta espírita de educação, mas a prática da pedagogia espírita começou no Brasil com Eurípedes Barsanulfo, em Minas Gerais, no começo do Século XX, depois vieram outras experiências e outros teóricos, entre eles Herculano Pires, que foram dando suas contribuições para a elaboração de um pensamento pedagógico espírita. Atualmente, cabe-nos sistematizar melhor todas as idéias esparsas e darmos corpo à pedagogia que deve formar o homem do futuro.

- A pedagogia espírita deve formar um homem novo e a escola espírita deve ser uma escola completamente revolucionária, rompendo com o sistema vigente, pois a educação tradicional já não atende as necessidades do homem à beira do terceiro milênio. A escola deve ser antes renovadora do que reprodutora do Status Quo.

- A liberdade é uma das facetas essenciais da pedagogia espírita. Pestalozzi, em Yverdon, praticava essa liberdade de ação em que as crianças podiam escolher atividades e até poderiam entrar e sair do castelo à vontade. Nos EUA, na década de 30, outra experiência interessante, a do padre Flanagan, também mostrou que a liberdade é fator preponderante inclusive na recuperação de crianças e adolescentes considerados delinqüentes. Flanagan fundou a cidade dos meninos, onde os próprios adolescentes geriam a comunidade, trabalhavam e tinham plena liberdade de entrada e saída. No caso de Summer Hill, o fator liberdade é bastante elogiável, mas do meu ponto de vista faltou a Neil a afetividade e a concepção espiritualista que tanto Pestalozzi quanto Flanagan possuíam, porque a preponderância moral de ambos garantia que a liberdade tivesse um resultado positivo.

- De maneira bem pragmática: enquanto permanecerem carteiras enfileiradas com uma lousa na frente, as crianças sentadas, passivas, apenas ouvindo falar coisas que elas não sabem de onde vem, nem para que servem e nem se algum dia vão usar; a escola estará formando pessoas sem iniciativa, sem espírito crítico, sem ímpeto de liderança, e sem possibilidade de mudar o mundo. A escola precisa mudar para formar pessoas que possam mudar as coisas.

- Ninguém aprende a ser responsável apenas obedecendo ordens. Ninguém aprende a agir moralmente agindo sempre sob coerção. A virtude moral só pode brotar da livre escolha do indivíduo. Aliás, a própria pedagogia Divina age assim conosco, ela nos deixa aprender com nossos próprios erros, para alcançarmos a moralidade no clima da liberdade. - Em primeiro lugar, a pedagogia espírita reconhece que estamos sempre lidando com uma vontade livre quando lidamos com o educando. O que o educador pode e deve fazer é convidar, contagiar, estimular, despertar essa vontade para que ela se assuma no sentido da evolução moral e intelectual. Quanto maior o amor, a doação, o desinteresse, a abnegação do educador, maior poder ele terá de conquistar a adesão livre do educando para que ele mesmo promova a sua auto-educação.

- É verdade que a escola deve recuperar a alegria, a vitalidade, o estímulo e deixar de ser essa prática chata e monótona de que nenhuma criança gosta. Entretanto, o educador não pode ser coercitivo, mas deve se empenhar para despertar um processo de aprendizagem prazeroso, porém sério e produtivo.

- Desde Rousseau sabemos que uma das exigências mais prementes para a educação é conectar o homem novamente com a natureza. Tanto é que considero uma escola espírita, nos moldes aqui discutidos, necessariamente, cercada de verde, com aulas ao ar livre, com espaço vital para que a criança possa se expandir e interagir com a Natureza. - O construtivismo está muito em voga no Brasil como se fosse uma grande novidade pedagógica. Entretanto, ele vem desde o tempo de Sócrates e Platão passando por Rousseau e Pestalozzi. A idéia central do construtivismo é a de que o indivíduo constrói o seu próprio conhecimento e só pode fazê-lo através da ação. Essa idéia é absolutamente verdadeira. Mas o construtivismo geralmente aplicado e estudado entre nós é um construtivismo materialista, porque é baseado em Vigotsky e Piaget, ao passo que o construtivismo desses outros autores que antecederam o Espiritismo é um construtivismo espiritualista. Poderíamos, portanto, dizer, a grosso modo, que a proposta de pedagogia espírita é um construtivismo espiritualista.

- É muito importante que todos os recursos tecnológicos sejam usados para que a idéia espírita brilhe na sua proposta pedagógica e cultural. É fundamental que tudo aquilo que divulgarmos para o mundo não tenha um caráter puramente religioso e nem caia numa linguagem excessivamente mística. É verdade que o Espiritismo tem a sua dimensão religiosa, mas ela é parte integrante de um todo mais abrangente. - Antes de tudo, o educador deve ser aquele que exemplifica e contagia o educando. O exemplo arrasta e as palavras somem ao vento.

Texto

A Maior Marca de Ser Humano


Por André Gandolfo

andregandolfotenor@hotmail.com

A Ciência diz que nós somos muito semelhantes aos animais. Porém, há alguma coisa a mais que nos difere deles. Seria talvez a pinça que conseguimos formar com o indicador e o polegar, porque nenhum animal pode fazer isso. Seria talvez a razão, a inteligência? Sim talvez. Mas, há uma marca no ser humano que supera todas as outras: a Marca da Generosidade. É a capacidade que o ser tem de dar, ou doar daquilo que já possui para outrem que não o tem. Mas abrimos espaço a um parênteses: a generosidade só é generosidade quando brota dos sentimentos de amor e compaixão. Se ao realizarmos um ato não desprendermos algo de nós mesmos e impregnarmos neste ou naquele serviço o que não é doação, se torna obrigação e imposição, que flui do abismo da nossa ignorância, do nosso melindre, ódio, mágoa e por aí a fora. Quando um ante querido parte e desejou que seus órgãos fossem doados a alguém que os necessitasse e estes órgãos vão parar em pessoas que não conhecemos e temos a chance de salvar sua vida, é a prova viva de gratidão. Daí recordamos as sábias palavras que nos faz reflexionar: “Dá de graça, o que de graça recebeste”. A Força do Amor-Generosidade é uma força que supera as compreensões da matemática. Pois é algo que quanto mais você divide mais se multiplica. A generosidade é uma fonte fecunda.
"Não olvides que caridade é o coração no teu gesto."
Meimei

Reflexões

COMPETIR E COMPARTILHAR

por Adelvair David - addavid@ig.com.br



Competir em princípio é instinto; está na natureza dos seres. Aperfeiçoa as espécies, garantindo-lhes entre outros fatores a sobrevivência. No homem lhe aprimora as aptidões físicas e intelectuais, desenvolvendo-lhe capacidades latentes, conferindo-lhe coragem e determinação para superar os próprios limites.

Competir é apresentar o seu potencial, fruto dos seus esforços, estudo, trabalho e dedicação, e só é negativo quando se abandona esta idéia para ver no outro um oponente, um adversário, mais ainda, um rival.

O conceito de que aquele que ganha em qualquer modalidade ou atividade humana é o melhor, é errôneo; sempre existirá um que superará o outro; o ganhador apenas mostra que naquele momento estava mais bem preparado para o intento. Quem alcança primeiro assume grande responsabilidade; deveria estar ciente de que não é o melhor, mas sim o que pode oferecer mais, estando mais desenvolvido naquela proposta que os seus iguais; deve sempre estender as mãos auxiliando, compreendendo que, quem tem mais deve dar mais. Afinal, disse-nos o mestre e Senhor Jesus: “(...) muito se pedirá àquele que muito recebeu.”

Compartilhar é mais do que dividir, é disponibilizar o bem que se possui para quem pouco ou nada tem; é oferecer-se prestativo para ensinar, orientar, educar; sentimento contrário ao egoísmo; dá sentido à vida de quem tem para se tornar alguma coisa ou a única opção de quem carece ter.

Compartilhar jamais será o ato de submeter-se, mas sim de participar junto, colocando em comum os valores amealhados no processo de crescimento moral, intelectual e espiritual; é ser probo, consciencioso.

Se o que se possui está acondicionado em celeiros íntimos ou exteriores inúteis, ouçamos o conselho da parábola: “(...) néscio, para quem ficará o que amontoaste?”

A única forma de perpetuar o que se tem é dividindo, para que fique no coração de quem recebeu para sempre.


É PRECISO CONQUISTAR COM AMOR, PARA COMPARTILHAR LIVREMENTE.

Artigo

Abaixo a cultura do gato de botas

Jane Maiolo


É comum realizarmos junto às crianças leituras que possam despertar ou mesmo desenvolver valores morais ligados ao seu cotidiano escolar, social e familiar. O compositor compõe uma música, e a sua obra está terminada. O escultor cinzela o seu mármore , a sua argila e um dia sua obra já acabada realça a beleza desejada por ele, o arquiteto desenha, projeta, trabalha para que a construção carregue sinais de seu talento. Assim também ocorre com o ofício de professor.Ele compõe suas aulas, cinzela com perfeita harmonia sua proposta pedagógica e espera como tantos outros profissionais ver seus sinais no comportamento dos alunos.
A questão moral é perfeitamente ligada à questão educacional, pois impossível conviver 200 dias letivos com crianças sem deixar algo de nós, e digo, o melhor de nós.

Há algumas obras literárias, contos, clássicos que considero altamente destrutivos dos valores morais e comportamentais que desejamos desenvolver,principalmente na Educação Infantil e Ensino Fundamental.
Um exemplo é a obra João e o pé de feijão, na qual o personagem principal coloca para ferver um caldeirão com água e despeja sobre o Gigante aniquilando-o , assim com tranqüilidade.
Na obra O Gato de botas outro absurdo,vemos um gato metido a espertalhão matar, trair ,enganar , mentir, usando artimanhas desonestíssimas para que se dono se de bem na vida,ou seja, a qualquer preço.
Gostaria mesmo que tais obras, na sua grande maioria traduções estrangeiras,fossem esquecidas ou relegadas para outros fins, que não os pedagógicos.
Escolher livros que tragam valores que possam enriquecer a conduta, comportamento e sentimento dos alunos é primordial nos dias atuais, quando cada vez mais estamos acuados, ameaçados, roubados e amedrontados por uma onda de criminalidade infanto-juvenil.
Alguns são apenas crianças ou adolescentes e já fazem roubos, planejam crimes com requintes de sabedoria.
Não reforcemos as tendências negativas que muitos já apresentam, mas que procuremos arduamente estabelecer valores como fraternidade,solidariedade, respeito,dignidade, honradez aos nossos alunos.
A Educação e principalmente os professores podem fazer a opção de formar Homens de Bem.
Urge atender e aceitar a proposta, que não é apenas pedagógica, para a renovação da geração que ai está chegando.


Profª da Rede Municipal de Ensino de Jales
Formada em Letras pela UNIJALES e
Pós-Graduada em Psicopedagogia pela F.E.F.

Somente Hoje - CHICO XAVIER